1.11.10

Marmelada de Odivelas só em formato moderno

Não há fome que não dê em fartura.

Está-se mesmo a ver que não vamos qualificar nenhuma marmelada, muito menos a verdadeira marmelada do Convento São Dinis de Odivelas.

Preparamo-nos para ter 4 produtores do dito doce conventual com porta aberta para a rua... E todos preparados para utilizar os apetrechos de cozinha da era moderna.

Porventura desvirtuar o produto.

Em vez de o compor correctamente e avançar para sobremesas de exclusividade e primazia com semelhanças que possam permitir alternativas a um símbolo de qualidade que conquiste notoriedade tal qual as queijadas de Sintra, os ovos-moles de Aveiro, a palha de Abrantes ou mesmo as tigeladas daquela terra, o pão-de-ló de Alfeizerão, os pastéis de feijão de Torres Vedras ou as trouxas da Malveira... Nada disso, cada um fará a sua marmelada como se houvesse meia dúzia delas a concorrer num mercado com marcas diferentes.

Extraordinário a capacidade de quem inspira.

Os agentes que pretendem liderar este processo nem sequer fazem a mais pequena ideia de como se fez a marmelada.

Nem conhecem a receita original e os procedimentos para que se faça um produto de eleição que apenas leva polpa de marmelo, açúcar e água.

Nem sequer percebem que nenhuma das entidades o vai fazer sozinha. Preparam-se para gastar energias escusadas que apenas resultam em cerimónias sem qualquer lógica e que produzam efectivamente resultados práticos.

Estamos a condenar a Marmelada de Odivelas porque ninguém quer ouvir as partes interessadas e muito menos os poucos que a sabem fazer que, de certeza não tem porta aberta para a comercialização.

Continuamos a ser os inscientes do costume.

Aos que sabem do ofício e da doçaria conventual associada a D. Dinis - marca maior de Odivelas - parece que só resta ir pregar para outra freguesia, para outros eventos importantes, como as mostras de Alcobaça, festivais no Algarve, Barcelona ou Frankfurt, naturalmente ficando-se pela marca Portugal...

José Maria Pignatelli

3 comentários:

Maria Máxima Vaz disse...

Pois,é o resultado da chamada "esperteza saloia", que meteu o nariz, primeiro, e a mão, depois. E a marmelada branca não é o que é, mas aquilo que querem que seja.
Para mim, continuará a ser marmelada branca a que seguiu, na confecção, o registo de nascimento: a receita que as freiras nos deixaram.
Legítima é legítima, bastarda é bastarda.

Xico da Memória disse...

Não tinha ainda encontrado uma razão válida para trazerem ao Centro de Exposições de Odivelas, uma exposição sobre as viagens dos chineses.
Parecia-me que sem trazerem primeiro as viagens dos portugueses à China, era descabida aquela exposição. Eu só fui ver porque julguei que fosse isso mesmo, quando verifiquei que ali não se falava sequer dos portugueses, quanto mais das nossas viagens. Achei que era masoquismo português.

Finalmente percebo que nos estavam a dizer que os chineses eram melhores navegadores e que o melhor é entregar-lhe o nosso mar. Há sempre um motivo, nós é que não entendemos nada!

Xico da Memória disse...

O comentário acima, foi erradamente colocado aqui por mim. Não é relativo a este texto mas ao anterior, que diz respeito à China.