Os monstros míticos, eram os reais perigos que os nossos marinheiros enfrentavam.
Tal como o Adamastor aqui descrito, também o Mostrengo, no Cabo Bojador ameaçou os portugueses. E que fez o homem do leme?
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade que me ata ao leme,
De El-rei D. João Segundo!
(Fernando Pessoa)
O homem do leme sabia que representava um povo e assumia essa responsabilidade.
Actualmente, os nossos políticos chamam a si o mérito da construção das obras e até parece que no-las oferecem, pagando-as do seu bolso. Quando falam, nas suas palavras só há mérito próprio, não querem representar o povo, para não dividirem com ele "a vã glória de mandar".
Mas a verdade, nua e crua é que as obras são nossas porque nós é que temos de pagá-las e nem nos pediram opinião. Servem a sua causa, não a causa pública. A história os julgará. E não vai ser com belos poemas como o do homem do leme.
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