Ted Williams. Sem-abrigo. Pedinte. Cantava um dia numa rua, numa cidade dos Estados Unidos, quando foi descoberto por um jornalista (sim, às vezes essa cambada que são os jornalistas até são úteis) que ficou maravilhado com a sua voz e o ajudou. Agora tem uma casa e trabalho. Reconstruiu a vida.
Este jornalista, que até poderia ser outra coisa qualquer, não ficou indiferente, agiu. Podia ter largado uma moeda aos pés do pedinte e seguido o seu caminho. Relegando este pedinte, como tantos outros, à sua invisibilidade. Mas não. Este homem olhou, viu e mais uma vez não foi pelo facilitismo, não deu o peixe, ensinou a pescar.
E é aqui que está um dos pontos fundamentais da ajuda social.
Na sua boa vontade as instituições de solidariedade social e alguns movimentos cívicos desdobram-se em acções meritórias em prol dos que mais precisam. E muitas vezes quem mais pode e quem tem a obrigação de ajudar assobia para o lado.
No entanto, não chega darmos os peixes. Temos que incentivar e ensinar a pescar.
Porque infelizmente há também muito boas pessoas que se tornam dependentes destas ajudas e usam e abusam dos apoios à disposição.
Infelizmente muitas destas pessoas não querem trabalhar e acabam por prejudicar os que querem e devido à grave situação económica que se vive, que fez disparar os números do desemprego, não conseguem.
É a categoria dos subsidio-dependentes, uma verdadeira praga que acha que as instituições têm obrigações para com eles e eles só têm direitos. E que desequilibram o sistema social, tal como os que fogem aos impostos, os que declaram menos do que ganham, os que empregam injustificadamente trabalhadores a recibos verdes, os que utilizam para proveito próprio e dos seus interesses o dinheiro público que deveriam gerir com honestidade, os que fecham os olhos e admitem irregularidades administrativas, entre tantos outros exemplos que há neste país pequenino comandado por gentalha mesquinha.
Se ensinarmos a pescar talvez a gente boa que este país tem venha ao de cima e deixe de haver lugar para aproveitadores e carreiristas.
Temos de fazer com que quem não tem valor e valores sinta vergonha, se sinta a mais e se perca no meio de uma maioria que quer elevar Portugal.
Teresa Salvado
(Texto escrito para a rúbrica "Ponto e Virgula", publicado no jornal Nova Odivelas)
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