12.11.10

Banca brilhante

Os banqueiros podem muito bem ser somente empregados bancários. Podem não ser accionistas de nada ou podem deter ou representar capital maior ou menor das instituições. O que não podem é tratar do dinheiro dos clientes como se fosse seu e, muito menos passar um atestado de incompetência a todos nós em plena televisão pública que lhes dá espaço sem se perceber muitas vezes as razões.
O Dr. Ricardo Salgado, presidente do BES foi ontem à televisão do Estado explicar a crise e acabou por não esclarecer devidamente:
- Que os impostos afinal de contas paga a banca?... E sem nos confundir com os impostos que pagam pelos trabalhadores que têm ao serviço;
- Qual é o peso no PIB dos impostos pagos pelo sector bancário?
- Porque é que as empresas de rating anunciam que algumas instituições bancárias portuguesas como o BES se encontram em risco (?);
- Os milhões de lucros que o sector bancário anuncia trimestralmente advêm de que género de negócios, mesmo considerando por exemplo que mais de 40% dos lucros do BES são oriundos do investimento e expansão da instituição fora do País;
- Porque é que os investidores estrangeiros hão-de ficar aborrecidos de ter de pagar impostos sobre mais valias derivadas dos dividendos? Neste caso falo relativamente ao tema “antecipação da entrega de dividendos da PT relativos à venda das suas acções da Vivo à Telefónica espanhola”. Será que o País se transformou numa zona franca, numa verdadeira offshore (?) … E o que é que os accionistas estrangeiros da PT adiantam ou valorizam a empresa? Caso se fossem embora a Portugal Telecom acabaria?
- O que representa para a indústria, agricultura e comércio nacionais o investimento estrangeiro no sector financeiro?
- Qual é a responsabilidade social das instituições bancárias e como se converte?
- Qual é a credibilidade da banca que “têm registado um comportamento brilhante” como afirmou Ricardo Salgado, que admite a inexistência de fiscalização e permite sucederem casos BPN e BPP (este último com novos desenvolvimentos na investigação ocorridos esta manhã)?
Precisamos também de fazer perceber a estes gestores que em média auferem mensalmente mais de 30 vezes o montante de um trabalhador da classe média, muito acima dos países mais ricos da União Europeia, e que isso é fruto da gestão dos depósitos dos clientes. Resta ainda conhecer verdadeiramente que tipos de activos são adquiridos por estes gestores e que qualidades têm para se encontrarem num patamar muito acima dos melhores cientistas, médicos e outros técnicos de primazia que o País possui.
É claro que hoje em dia só os parvos engolem atestados de incompetência porque uma boa parte dos portugueses percebem que este tipo de discurso se confunde com o discurso político quotidiano que bem exprimido provavelmente nem uma copo de suma dará.

José Maria Pignatelli

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