Auto Europa já pensou em linha eléctrica directa de Espanha mas as autoridades portuguesas não deixaram. Entre todas as empresas daquele parque industrial, o aumento da electricidade pode ultrapassar os 300 mil euros anuais. E estamos entre os países com a electricidade mais cara da Europa.
A electricidade aumentou – abaixo dos 4% para o consumo doméstico, mais de 7% para a indústria. Incompreensível se atendermos aos resultados de todos os estudos sobre fontes energéticas ou energias a empreender como as mais acessíveis e baratas ao nível global. A energia eléctrica é mesmo considerada aquela que pode sair de um futuro vocacionado às energias renováveis.
Assim, na linha da frente aparece a electricidade que para a maioria é mesmo a energia do futuro.
Por exemplo, fala-se em várias opções na sua produção, mas mesmo a tradicional por via das centrais termoeléctricas a carvão de queima limpa são apontadas como estando entre as mais positivas. Aliás, estas infra-estruturas também podem utilizar a queima de gás natural.
Quanto ao carvão sabe-se que existe em quantidade demasiada capaz de alargada procura mundial, tendo a Austrália como produtor de referência.
O que não se percebe são estes aumentos em flecha desta energia em Portugal e porventura o modelo de gestão da EDP (e provavelmente da REN – Redes Energéticas Nacionais) com salários irreais muito acima da média dos seus quadros superiores e intermédios e ainda da volumosa distribuição de prémios pelas administrações das suas sub-empresas.
Também ninguém compreende os investimentos externos da empresa que não permitem à indústria nacional ganhar um único cêntimo, aliás uma situação referenciada recentemente pelo actual Presidente da República.
Mas a questão afigura-se mais complicada para algumas indústrias completamente dependentes da energia eléctrica.
As empresas do Parque Auto Europa são algumas delas:
A Faurecia (que faz inúmeros componentes para os modelos montados na Volkswagen da Auto Europa e para algumas fábricas dos franceses da PSA) tem uma facturação mensal da EDP entre os 70.000 a 75.000 euros. Com os aumentos previstos poderemos estar a falar em mais de 5.000 euros mensais, ou seja de qualquer coisa aproximada aos 63.000 euros anuais. A estas contas falta juntar as das outras empresas e a da própria Auto Europa. Numa primeira análise há quem afirme que os custos do aumento da electricidade podem significar mais de 300 mil euros anuais para o grupo de empresas que operam naquele parque industrial.
Relativamente aos tarifários praticados em Espanha os valores poderiam chegar aos 900 mil euros de diferença. Este realidade levou a Auto Europa a equacionar custear um linha directa de Espanha ao Parque de Palmela que poderia ficar rentabilizada em três anos. Só que as autoridades portuguesas não autorizaram. Compreende-se o precedente e a concorrência que daí advinham. Afinal de contas o Estado é accionista da monopolista EDP…
Este junta-se a mais alguns episódios da duplicidade de critérios dos sistemas político português que não merece grandes comentários – cada um que faça o seu!
De qualquer modo, depois se estas empresas se deslocalizarem não se venham lamentar, nem falar no que representavam para o PIB nacional e para a empregabilidade na grande cintura da área metropolitana de Lisboa e, ainda para o concelho de Setúbal já de si em crise há alguns anos a esta parte com índices de pobreza e desemprego preocupantes e um excesso evidente de pequenas e micro empresas, com enormes dificuldades em sobreviver porque quase todas elas estão ligadas ao comércio e aos serviços e não ao sector produtivo. Resta a excepção feita ao sector da pequena metalomecânica e serralharia, muito dependente da construção civil também ela a passar um momento mais delicado.
José Maria Pignatelli
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