17.10.10

A Lisboa que eu amo (1).

Ontem antes de me deitar escrevi no FB - não sei porquê, tenho a sensação que esta noite vou ficar mais pobre, mas amanhã, a partir das 10 da manhã vou começar a perceber melhor, o quanto.

Isto veio a propósito, como é óbvio do orçamento. Antes de me deitar coloquei o despertador para as 9.45 com o objectivo de ouvir a catástrofe em directo, contudo ao acordar abri a janela e deparei com um sol radioso e pensei – não vou estragar o meu dia.

Não liguei a televisão, chamei a família, fui comprar pão, tomámos o pequeno-almoço e partimos para um passeio em Lisboa.

Contra a minha vontade, mas pela vontade da maioria, começámos pela nossa Chinatown ou seja pelo Martim Moniz, onde pela quantidade de camiões a descarregar caixas e caixas provenientes do oriente, deu para ter uma percepção da dimensão da invasão chinesa.





Não pela mistura de pessoas, mas pelo desleixo, pela falta de condições de higiene, pela falta de segurança nas cargas e descargas das mercadorias, quando entrei num daqueles horrorosos centros comerciais fiquei perplexo. Definitivamente as regras não são iguais para todos.






Passado pouco tempo já estava na rua, sozinho claro, as mulheres continuaram a ver as “lojas” e eu aproveitei para dar uma volta pelas ruas mais próximas. Aí tive duas surpresas, por um lado, ver que a parte antiga da Praça está a ser recuperada; segunda, que ao lado daquele monstro, há uma Igreja lindíssima, a Igreja da Nossa Senhora da Saúde.


Passado não muito tempo as mulheres aparecem e dirigimo-nos na direcção da Praça da Figueira. Atravessamos a Praça a uma velocidade moderada, entretidos à conversa e sem lhe dar grande importância, até que perto de uma das saídas para o Rossio, umas castanhas assadas nos chamam a atenção. Eram grandes, estavam bem assadas e não resistimos, lá veio a primeira dúzia da época.

Ao servir-nos, a vendedora em termo de lamento disse - tome lá mais este pacotinho vazio para as cascas, agora tem que ser assim. Eles é que mandam.
Ai é! Exclamei eu.
É, é assim e os carrinhos e os assadores também têm que ser de alumínio, disse de pronto a senhora.

Aí olhei com atenção e de facto o “carro” das castanhas estava todo feito em alumínio, até o tradicional assador de barro foi proibido.

Foi aí que pensei - a seiscentos metros, a chineses, a indianos, etc., tudo é permitido, talvez em nome da inclusão social, das culturas e das liberdades sei lá de quê e aqui proibiram o tradicional assador de barro.

Definitivamente as regras não são iguais para todos.

Tirei a foto, despedimo-nos e segui.



Passámos para o lado do Rossio, o qual gosto mais e estava um grupo de Índios, com as suas vestes a tocar música e a vender CD’s.

Abeirámo-nos deles e a minha filha, passado uns dois minutos perguntou-me o que andavam eles aqui a fazer. Expliquei-lhe o que lhes tinha acontecido e as condições em que hoje vivem - pobres, tristes e desenraizados.

Quando acabei a minha explicação, lembrei-me do orçamento e questionei-me – será que falta muito para nos acontecer o mesmo que aos índios e termos que andar pelas ruas deste mundo, vestidos com trajes lusos e mapas na mão a contar os feitos dos nossos antepassados a troco de umas moeditas?


Mais á frente parei na Livraria do Diário de Notícias, já perto da Rua do Ouro, comprei a bibliografia de Amaro da Costa e vi que estava à venda uma nova edição do Clube de Bilderbergue, livro que recomendo a todos.

Está relacionado com a Teoria da Conspiração e dos Senhores que mandam no mundo. Há quem acredite nessas coisas e quem não lhe dê importância, mas que vêm lá grandes coincidências, lá isso vêem.


Amanhã continuo o meu relato.

2 comentários:

Maria Máxima Vaz disse...

Sempre quis contrariar aquela expressão tão repetida:"O melhor que Odivelas tem é a Calçada de Carriche, que nos leva a Lisboa".
Confesso que estou quase a desistir...

Miguel X disse...

O problema neste momento já não se coloca oa nivel da Calçada de Carriche.