A ti´Zefa Caroca que lava a nossa roupa na ribeira do Jamor; o Grigoiro Nabiço que nos traz o pipo de vinho branco de Colares; o Manel Bombante que nos vende o pão da Porcalhota, de farinha trigueira; a Maria Rebola que nunca nos falta com os queijinhos frescos; a Elisa Madruga que é certa com o cesto de ovos da Idanha; o J´aquim Pataruca que não chega para as encomendas com a sua manteiga de Sintra; o Dionísio Balata que nos acarreta a bilha de água de Caneças, - são todos netos dos moiros a quem o primeiro rei Afonso filhou Lisboa, tornando-a cidade cristã e correndo com eles para o arrabalde.
Marcou-lhes bairros inteiros ao redor da colmeia cristã. E aí lhes consentiu leis e costumes, só querendo que ajudassem a cultivar a terra e que cada qual pagasse um certo tributo a que se chamava "salaio". Daí se entrou a chamar salaios a quantos moiros forros por cá ficaram e se espalharam por vielas, hortas e casais que formavam as moirarias. Depois, com o tempo e a corruptela, salaios passaram a ser saloios, e saloios ficaram sendo todos aqueles que ainda hoje o são:netos de moiros, quer queiram, quer não.
texto de Alfredo Mesquita 1906
nota - compete-me informar que o escritor estava enganado, pois não é esta a origem da palavra saloio. Oportunamente informarei.
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