29.10.10

Medina Carreira em Odivelas (6)

Fiquei entusiasmado com o exemplo dado pelo Prof. Medina Carreira a respeito do empresário e grande investidor Alfredo da Silva que nasceu a 30 de Junho de 1871 que foi seu patrão na CUF, onde trabalhou.
Medina Carreira deu este exemplo para mostrar que nos falta em Portugal, investidores dinâmicos mas sobretudo pensantes que, naturalmente têm de conhecer a(s) politica(s) fiscal(ais) a prazo relativamente alargado dos países onde pretendem investir.
Antes de explicar o seu raciocínio o Prof. Medina Carreira acrescentou que um dos nossos maiores problemas é o projectarmos o trimestre imediatamente seguinte observando os resultados do trimestre que acaba de terminar e esclareceu de imediato «vistas muito curtas para quem depende fortemente das exportações, não regulamenta a procura, que pouco produz e quase apenas se dedica ao sector terciário, dos serviços».

Mas voltemos à CUF e ao empresário Alfredo Silva.
Medina Carreira explicou o sucesso:
A CUF começou por produzir adubos;
Depois percebeu que podia fazer as suas próprias embalagens… Passou a fabricar sacos;
Mais tarde, entendeu que podia ganhar o dinheiro do transporte das mercadorias que fabricava. Criou uma transportadora;
Depois começou a exportar para a Europa e os produtos tinham de viajar pelo caminho de ferro… Então a CUF mandou construir uma via-férrea até à rede ferroviária nacional;
A seguir as exportações começaram para fora do continente europeu... constituíram uma empresa armadora para ter uma frota marítima de transporte;
E como o volume de negócios atingiu proporções elevadas, abriu uma instituição bancária – o banco Totta & Açores;
De seguida, constituiu uma seguradora.

Para o professor estes investimentos têm de ser acompanhados com a capacidade de regular a procura (o mesmo que dizer o consumo) independentemente de integrarmos a Comunidade Europeia da livre circulação de pessoas, bens e produtos. Medina Carreira explicou que nenhum País Membro com uma indústria forte não deixa de proteger a sua produção mesmo de forma discreta sem beliscar com mecanismos comunitários.

Mas especificou que Portugal optou por se transformar num país de prestação de serviços, abandonou o seu sector produtivo, importa quase tudo o que consome e que portanto não pode:
Por um lado, regular a procura;
Por outro, promover o consumo como forma de agitar a economia nacional porque a maioria desse mesmo consumo significa saída de dinheiros do País.

José Maria Pignatelli

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